Lucro é quando uma empresa aumenta seu patrimônio com o resultado de suas operações de venda, investimento ou de financiamento.

Veja que deve haver aumento de patrimônio, o que quer dizer que a empresa deve aumentar de tamanho.

Por exemplo: um empreendedor, Sr. João, decide abrir uma empresa para revender calçados e usa R$ 50.000 de suas economias nos seguintes investimentos para iniciar sua empresa:

• Calçados para revender (1.000 pares a R$ 35): R$ 35.000;
• Embalagens estilizadas: R$ 2.0000;
• Prateleiras para estoque: R$ 3.000;
• Computador e Celular: R$ 4.000;
• Dinheiro em caixa (para pagar aluguel, salários e outras contas): R$ 6.000.

Todas estas compras foram pagas a vista.

No primeiro mês de operação ele não faz nenhuma venda pois estava muito ocupado comprando os sapatos, instalando prateleiras e organizando o estoque.

Mas no segundo mês ele consegue vender 70% de seu estoque por R$ 80 cada par de sapato. Veja que ele vendeu por R$ 80 cada par que custou R$ 35, ou seja, ele conseguiu vender os pares por mais que o dobro do que custaram e ainda vendeu quase todo o estoque em apenas um mês!

Mas antes de comemorar, vejamos se ele realmente teve lucro como dissemos no começo. Será que sua empresa que nasceu com um patrimônio de R$ 50.000 ao final do segundo mês de vida tinha mais patrimônio ou menos?

Vamos às contas começando pelas vendas.

1. Vendas

Para conhecermos o total das vendas basta saber o total de pares vendidos e o preço de venda de cada uma, que para o caso do Sr. João foram:

• Quantidade vendida = 70% do estoque = 1.000 pares em estoque x 70% = 700 pares vendidos.
• Preço de venda = R$ 80 cada par.
• Valor Total de Venda = R$ 80 cada par x 700 pares = R$ 56.000

Então podemos dizer que o Sr. João vendeu bem! Mas será?!

Lembra que ele teve alguns outros custos para poder começar a empresa e ter o que e como vender os sapatos? Esses custos precisam ser considerados na conta para o Sr. João saber se essa venda toda foi suficiente para cobrir seus custos.

Porém, nós não vamos considerar o valor total destes custos diretamente na conta, pois nem tudo que ele investiu foi consumido, alguns investimentos continuam na empresa como as prateleiras, o computador, o celular. As embalagens ainda têm um saldo em estoque e ainda existem sapatos em estoque também.

Então voltemos as contas para saber quanto o Sr. João realmente gastou no segundo mês para poder vender R$ 56.000:

2. Custos

Primeiro de tudo, para poder vender os sapatos ele gastou… Sapatos! Logicamente ele gastou os próprios sapatos que comprou já que quando os vendeu deixou de possuí-los.

Isso é óbvio, mas é justamente isso que faz ele ter um custo com a venda dos sapatos somente quando os vende, não quando os compra. Enquanto os sapatos estão no estoque eles não são custo (ou despesa), somente quando são vendidos.

• Custo dos Sapatos Vendidos: 700 pares vendidos x R$ 35 cada par = R$ 24.500.

Mas cada par vai embalado em uma bela caixa personalizada, então temos que somar o custo da embalagem ao custo de cada par:

• Custo da embalagem: R$ 2.000 de embalagens / 1.000 embalagens (1 para cada par) = R$ 2 cada embalagem.

Portanto, cada par de sapato vendido custou ao todo:

• Custo Unitário de Venda: R$ 35 cada par + R$ 2 de embalagem = R$ 37;
• Custo total de Venda: R$ 37 cada par x 700 pares = R$ 25.900

Opa! Agora sim começamos a ver que na verdade o que vai ficar no bolso do Sr. João não é tudo o que ele vendeu, porque ele já gastou com os sapatos e com as embalagens. Então o que fica para ele, na verdade para a empresa dele, é o que sobra depois de abater todos os custos!

E além do gasto com sapatos e embalagem ele também gastou com as prateleiras, computador, celular e aluguel do armazém (R$ 1.000 por mês).

Então vamos fazer as contas para saber quanto ele consumiu de prateleiras, computador e celular e também de aluguel – isso tudo vamos chamar de Despesas Operacionais.

3. Despesas Operacionais

Despesas Operacionais são aquelas que a empresa tem para poder realizar sua operação, por isso operacionais.

3.1 Despesa com Aluguel

O aluguel foi pago para poder usar o armazém no primeiro e no segundo mês de operação da empresa, portanto ele teve gasto de dois meses de aluguel: R$ 1.000/mês x 2 meses = R$ 2.000.

3.2 Despesa com Depreciação

As prateleiras foram compradas e instaladas e continuam no armazém sendo úteis para armazenar os sapatos, e continuarão sendo úteis na empresa por pelo menos 10 anos até que precisem ser trocadas.

Mas o Sr. João sabe que conforme o tempo passa as prateleiras vão se desgastando aos poucos, até que estejam tão desgastadas que precisem ser trocadas.

Para não ter surpresas, o melhor é separar um pouco do lucro da empresa para construir uma reserva para trocar das prateleiras. Essa reserva podemos chamar de Depreciação, pelo menos por enquanto.

Esta mesma lógica de depreciação das prateleiras vale para o computador e o celular que irão ficar na empresa sendo úteis por 5 anos.

Calculamos a depreciação da seguinte maneira: Custo do Bem / Meses de Vida Útil do Bem.

• Prateleiras: R$ 3.000 / 120 meses = R$ 25 por mês.
  O fabricante garante que as prateleiras duram 10 anos, ou seja, 120 meses (e o Sr. João confia).
• Computador e Celular: R$ 4.000 / 60 meses = R$ 66,67 por mês.

Portanto, a despesa total com depreciação foi de R$ 25 + R$ 66,67 = R$ 91,67.

3.3 Despesa com Salários

O Sr. João viu que as vendas seriam fortes e então contratou um ajudante para separar os pedidos, embalar e ajudar na expedição. O ajudante trabalhou somente no segundo mês e seu salário foi de R$ 2.000.

3.4 Despesas Operacionais Totais

Agora sim vamos conhecer o total de despesas que a empresa do Sr. João teve para poder operar e vender os R$ 56.000 em sapatos:

4. Resultado Final

Vamos recapitular tudo o que calculamos até agora e chegar à resposta final para a pergunta: a empresa do Sr. João aumentou ou diminuiu seu patrimônio? Ou seja, teve Lucro ou Prejuízo?

Vendas	R$ 56.000,00
( – ) Custo da Venda Sapatos + Embalagens	R$ 25.900,00
( – ) Salários	R$ 2.000,00
( – ) Aluguel	R$ 2.000,00
( – ) Depreciação	R$ 91,67
( = ) LUCRO LÍQUIDO	R$ 26.008,33

Veja só que maravilha! A empresa do Sr. João vendeu R$ 56.000 e desse valor sobrou no caixa da empresa R$ 26.008,33!

Este foi um ótimo resultado considerando que ele investiu R$ 50.000, ou seja, logo no segundo mês de operação ele conseguiu recuperar 52% do investimento.

E podemos confirmar que isto foi realmente Lucro porque o patrimônio da empresa que era de R$ 50.000 agora é de R$ 76.008,33 já que a empresa do Sr. João não tem dívidas!

Se continuar assim o Sr. João fez um ótimo negócio!